Leituras que Quebram Muros

A Ajudaris acredita no poder da literacia do coração para transformar pequenos mundos, o que é comprovado pela experiência adquirida ao longo de 16 anos na promoção do projeto das “Histórias da Ajudaris” junto de crianças e jovens em contexto escolar, com o apoio incansável de uma legião de Professores e Educadores solidários.

Chegou até aqui e ainda não conhece o projeto “Histórias da Ajudaris”?

“Histórias da Ajudaris” é um projeto que desafia crianças e jovens de todo o território nacional, a criar histórias para ajudar outras crianças. É enviado um desafio de escrita criativa em que, após imaginarem, pesquisarem e refletirem sobre a temática enviada, faz surgir histórias repletas de criatividade e imaginação. As histórias, depois de selecionadas, são revistas e ilustradas, dando origem a uma obra coletiva imperdível, que é ponto de partida para muitas outras atividades, tal como teatros, exposições, workshops e horas do conto. É uma forma de reconhecer e valorizar o talento de crianças e jovens. Além das crianças ajudarem outras crianças, trabalham o seu próprio currículo de uma forma lúdica, desenvolvendo competências fulcrais ao perfil do aluno do século XXI.

Há 16 anos a tornar crianças em jovens autores e inspirados nas suas histórias, partimos para uma nova aventura: levar as “Histórias da Ajudaris” a mães reclusas. Como as histórias são um veículo perfeito para gerir medos, incutir coragem e administrar vitórias.. e elas  são transformadoras, nada melhor do que “testar” essa eficácia num ambiente desafiador? O projeto-piloto foi desenvolvido no EPSCB – Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo.

Podemo-nos perguntar: Quanta aprendizagem e quanto ensinamento existe numa boa história?

Assim, foram realizadas sessões de conto com o fantástico Rui Ramos, com o objetivo de dotar as reclusas de ferramentas que lhes permita contar histórias aos seus filhos e, ao mesmo tempo, fortalecer os vínculos emocionais. A partir daí, o impacto foi tão positivo que foram realizadas sessões de escrita criativa para inspirar as reclusas a criar as suas próprias histórias, o que deu origem a lindas e variadas histórias. Para dar cor e magia às mesmas, foi convidada a ilustradora Rita Costa.

Relativamente à sessão de dia 25, tenho a dizer que o grupo que esteve presente ficou mesmo muito satisfeito. Pelas senhoras que se encontravam na sessão, o Dr. Rui ficaria toda a tarde, pois elas pediam mais e mais… De facto, o pedido para que pudesse regressar ao EP foi unânime entre todas elas.
Por comparação com a primeira sessão, importa sublinhar que o grupo de mães era maior e bastante heterogéneo. Algumas reclusas tinham os filhos fora do EP, outras com os filhos no EP e outras, ainda, com os filhos recém saídos (o que também lhes cria alguma ansiedade nos primeiros tempos).  Um dos aspetos que estas senhoras referiram e que achei interessante, para além da aprendizagem, foi que o workshop lhes permitiu descomprimir um pouco do ambiente prisional e muitas referiram que já não se divertiam e riam assim há bastante tempo.
Penso que a mensagem sobre a importância de “contar histórias” foi transmitida, tendo ficado a ideia de que também serve para aproximar e unir as pessoas, mas também que as relações afetivas devem ser estimadas, sendo que o contar histórias também serve este propósito, o que, com espontaneidade e criatividade, ainda se torna melhor! Tal ficou bem evidente nos “segredos e surpresas” que o Dr. Rui foi tirando da mochila.
Finalmente, foi também explicado às reclusas a missão da Ajudaris e, neste contexto, tivemos uma reclusa (com vocação para escrever) que ficou muito interessada nos vossos projetos e que manifestou vontade para colaborar na escrita. 
O que poderia correr melhor? Apostaria certamente na continuidade destas atividades, aspeto que foi referido por todas as senhoras que tiveram o privilégio de participar neste workshop. 
Agradeço toda a colaboração da Ajudaris e o cuidado que tiveram na interação com a nossa população reclusa.

Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo

A importância de um projeto de natureza artística com esta dimensão revela-se da maior importância para a população reclusa desfavorecida em termos de acesso à cultura e de contatos  com projetos da comunidade. Além do reconhecido empoderamento e identificação, com modelos positivos pró-sociais, é possível trabalhar o enriquecimento de competências pessoais, sociais e emocionais, bem como o compromisso e a reconstrução da identidade e definição de novos projetos de vida numa população reconhecidamente caracterizada pela vulnerabilidade e isolamento, acrescido pela situação de reclusão. Também a saúde e bem estar não podem ser esquecidos como direitos fundamentais, que também podem ser melhorados com a participação ativa em projetos desta natureza.

As reclusas, inspiradas pelas histórias, voz e talento incontornável do contador de histórias Rui Ramos,  bem como pela magia inigualável da ilustradora Rita Costa, decidiram criar histórias e ilustrá-las. Ansiosos por conhecer o resultado deste trabalho conjunto?

Os nossos projetos

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